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A "Terra de Santa Maria" foi uma região medieval
organizada administrativa e militarmente, em meados do séc. IX, por
Afonso III de Leão, aquando da reconquista cristã da Península.
A
chefia desta região foi entregue ao Castelo de Santa Maria.
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Inicialmente, estendia-se entre os Rios Douro e Vouga, tendo a leste
as serranias de Paiva, Arouca, Cambra e Sever do Vouga e a oeste, o
Oceano Atlântico.
Nos
princípios do séc. XII, á área da região foi reduzida do lado
Sul por virtude de uma disputa entre os Bispos de Porto e de
Coimbra. A parte destacada desintegrou-se ao ser absorvida pelos
territórios anexos, ficando a pertencer à diocese de Coimbra.
A
parte centro e norte, manteve-se como um núcleo central. E embora
ficando a pertencer à diocese do Porto continuou,
administrativamente, sujeita ao governo de Coimbra.
De
então para cá, aquele núcleo central com aquele nome, manteve-se
até meados do séc. XIX, ao contrário do que sucedeu com outras
regiões medievais, entretanto desaparecidas.
Deste
"núcleo central" faziam parte territórios que hoje se
distribuem por 14 concelhos do Distrito de Aveiro:
Albergaria-a-Velha
(parte), Arouca (parte), Castelo de Paiva (parte), Espinho,
Estarreja, Gondomar (parte), Murtosa, Oliveira de Azemeis, Ovar,
S. João da Madeira, Santa Maria da Feira, Sever do Vouga (parte),
Vale de Cambra (parte) e Vila Nova de Gaia.
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No referido espaço geográfico delimitado por aqueles
acidentes naturais muito fortes, foi-se desenvolvendo:
Um
espaço económico muito importante vivendo numa grande
complementaridade de subsistência: As serranias davam-lhe a caça,
a pastorícia e a abundância de madeira. Os rios que a atravessavam
e a extensa orla marítima, asseguravam-lhe a pesca. Nas planícies
que se estendiam de leste para o mar era o cultivo de cereais e do
vinho. Uma prospera zona de extracção de sal, em Cabanões,
garantia este elemento indispensável à conservação dos
alimentos. A par disto, uma notável rede viária assegurava um
comércio intenso num local de passagem obrigatória entre Coimbra e
o Porto. Junto ao Castelo a realização de grandes feiras
comerciais acabaram por dar o nome à povoação: Feira (já em
1117);
Um
espaço militar muito forte apoiado numa organização militar
permanente para defesa contra as incursões árabes;
Um
espaço cultural servido por dezenas de cenóbios e pelos
grandes mosteiros de Grijó e de Pedroso. Estes institutos
religiosos davam, àquelas gentes, para além de um esquema de
valores cristãos, a possibilidade de funcionarem como centros
administrativos para a redacção de documentos. Tudo isto, acabou
por gerar um clima de "auto-suficiência de vida" e
"uma identidade peculiar", de que algumas linhas mestras
perduram até aos nossos dias.
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E foi, exactamente, esta pujança económica, esta força militar
organizada e esta "identidade cultural" de independência,
que acabaram por desempenhar um papel decisivo na formação e
consolidação da nacionalidade portuguesa com o levantamento
colectivo que teve o seu epilogo na batalha de S. Mamede, em 1128.
Como
refere o Prof. José Mattoso, (" O Castelo e a Feira", p.
160)
..."
A Terra de Santa Maria pode ser considerada como um região, que,
no caso de ter estabelecido uma ligação preferencial a Coimbra,
deveria, teoricamente, ter inviabilizado a construção de um novo
Reino. Em vez disso, associando-se a Portucale e garantindo o seu
prolongamento em direcção à mesma cidade de Coimbra, acabou por
constituir o elo de ligação com ela."
Por
tudo isto, bem pode dizer-se que a Terra de Santa Maria é a
TERRA
MÃE DE PORTUGAL.
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